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O objetivo deste blog é discutir idéias, expor pontos de vista. Perguntar mais do que responder, expressar mais do que reprimir, juntar mais do que espalhar. Se não conseguir contribuir, pelo menos provocar.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A Identidade que Aproxima

Dia destes um conhecido meu trocou de carro e foi engraçado como fiquei observando e aguardando o momento em que esperava por uma expressão que para mim é comum ouvir nesta situação. Éramos três 'rapazes' cumprindo aquele ritual comum após a saída do novo veiculo da concessionária, andando em volta do carro, apertando botões no painel, avaliando o acabamento dos bancos e forração interna, contemplando o espaço do bagageiro, mostrando-se de entendido procurando ver algo no motor, quando foi questão de alguns poucos minutos para o dono do novo 'auto' deixar escapar: "...rapaz, e o que tem desse modelo rodando na rua?!..."  Foi o novo dono dizer isto para que o outro colega completasse rapidamente: "...foi o que aconteceu também quando eu troquei o meu. Todos me diziam para não trocar por aquele modelo, mas depois que eu troquei é que eu vi o quanto tem daquele carro 'rodando' na cidade."




Parece-me que estamos diante de uma cena cotidiana que pode nos ensinar a respeito de uma teoria que a programação neuro-linguistica (PNL) define como aproximação por identidade. E isto não ocorre por acaso. Você pode perceber que existe uma tendência não proposital a procurarmos aqueles que são semelhantes para convivermos, para serem nossos amigos, colegas de trabalho. Os que são líderes têm certa tendência a contratarem pessoas com características semelhantes as suas, sejam físicas, psíquicas ou até mesmo emocionais. Há um dito popular que diz: “Os opostos se atraem”. Porém antes, outra série de características semelhantes é necessária para que pelo menos nos mesmos lugares o pretenso casal possa se encontrar e discorrerem as primeiras conversas “de aproximação”. Todas as outras infindáveis características vão aos poucos sendo descobertas e negociadas. É claro, preciso destacar que esta não se trata de uma regra, e que estou apresentando o meu olhar a respeito deste tema. Outras situações também existem e podem ser diferentes. 


Quando na verdade conhecemos e nos identificamos com algo, é comum procurarmos ao nosso redor semelhantes que se identifiquem conosco. O homem no modelo atual de sociedade, a pesar de procurar exclusividade no que consome customização da sua roupa, do seu carro, enfim das coisas com que usa e lida no dia a dia, ainda sente a forte necessidade de estar em um grupo, a fazer parte de uma identidade coletiva e o exemplo disto, em minha opinião são as próprias redes sociais. Penso que o fato de identificar-se com os hábitos de consumo, com o tipo de roupa, o modelo de carro, o esporte que se pratica e até o time que alguém torce é algo saudável para a aproximação pela identidade deste alguém.


O lado pouco saudável e que pode ser um alerta para nosso autoconhecimento é que também nos aproximamos e facilmente identificamos no outro atitudes e comportamentos que nos irritam, e que, em algumas vezes são o espelho de nós mesmos sendo refletidos no outro. Lembro-me de certa vez em que uma determinada aluna sempre reclamava de outra colega que segundo ela, falava demais, era como se diz no ‘popular’, uma tagarela. Bem, eu vez por outra tentei dizer-lhe que achava as duas “um pouco parecidas” em seus comportamentos, para não dizer-lhe diretamente que a outra colega a irritava porque possivelmente esta era muito parecida com ela, porém, não conseguia identificar isto. Em filosofia clínica dizemos que esta pessoa não consegue fazer inversão, não consegue olhar para si e avaliar-se naquela determinada situação. Penso que o interessante neste caso é desenvolvermos a percepção dos pontos positivos dos nossos pares, assim como conseguimos ver, por exemplo, o novo modelo de carro, como a representação do “novo” com o qual nossos olhos ficam abertos e ávidos a mudança; E quando “bater” aquela vontade escarnecedora de “detonar” alguém com comentários ácidos, bom seria verificar se o motivo do incômodo não é algo que está também bem perto de nós, para não dizer dentro de nós mesmos. Para mim, vale a pena pensar nisto.

Tenha e faça uma ótima semana. Forte abraço!



Por André Topanotti – Criciúma/SC – 28/05/2012.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O SILÊNCIO DO DIRETOR

Ouvi uma história muito emocionante e de forte conteúdo existencial contada por um reconhecido profissional e ex-diretor de Recursos Humanos de uma grande empresa no Brasil, que vou chama-lo de Rodrigo para preservar a identidade dos personagens da história, porém baseia-se em fatos reais. Na oportunidade Rodrigo tratou do tema qualidade de vida no novo cenário profissional onde falava da necessidade que as empresas têm nos dias atuais de cuidar melhor de seus profissionais e fez um relato sobre o que vivenciou durante a apresentação de um painel sobre este mesmo tema, qualidade de vida no trabalho, na Universidade de Brasília/DF onde participaram mais dois renomados diretores de duas grandes empresas multinacionais no Brasil.
  
Rodrigo relatou que encerrava sua participação na apresentação do painel, e antes de passar a palavra ao próximo diretor que falaria na sequencia, contou que estava realizando um processo seletivo para uma vaga de gestor e participava desta seleção um profissional muito requisitado da área. No dia da entrevista recebeu o candidato em sua sala de reuniões e colocando o currículo que já tinha avaliado de lado lançou a seguinte pergunta: “Fale-me sem muita formalidade, quem e você?” O candidato começou a responder a pergunta remetendo-se ao seu currículo escolar, ao que espontaneamente foi interrompido pelo entrevistador. "Sim eu sei o que você estudou e onde. Está no seu currículo, mas gostaria de ouvir sobre você." Um pouco tenso o entrevistado retoma a resposta partido desta feita de sua experiência profissional quando mais uma vez é interrompido por Rodrigo que interpela: "Desculpe-me, mas também esta no currículo sua experiência profissional. Falo de você. Quem é você?" Essa pergunta deixou o candidato visivelmente nervoso, que procurando o que dizer, titubeante declarou: "Essa pergunta é muito profunda e difícil de ser respondida.” Ele percebeu então como a história daquele homem que estava sendo entrevistado estava presa ao seu papel existencial de profissional, de modo que fora do contexto empresarial ele tinha grande dificuldade de se identificar com outros papéis. Sua existência possivelmente pode ter sido resumida a função de seu crachá e ao título de seu diploma.

Na filosofia clínica temos tido a oportunidade de entender que em cada ambiente podemos assumir um determinado papel existencial, e a partir deste papel, podemos adotar posturas e pensamentos diferentes em cada um destes papéis, como por exemplo, de pai, professor, aluno, motorista, pedestre torcedor ou vizinho. Podemos funcionar muito bem em um determinado papel e não conseguir ir bem noutro. À medida que o tempo passa e os resultados se repetem em cada papel existencial, a pessoa pode desejar ficar mais tempo atuando dentro de determinada função existencial, do que naquela em que não se identifica, o que leva muitas pessoas tratarem em casa a esposa como secretária, o filho como empregado, o vizinho como concorrente, porque para este indivíduo o papel existencial de empresário, por exemplo, é aquele que ele se identifica e se sente mais seguro, talvez. É claro que este é um exemplo de muitos que podem ser ilustrados.
 
Bem, voltamos para história de Rodrigo, pois ela não terminou na “travada” do seu entrevistado. Encerrada sua palestra, foi chamado o próximo palestrante. Um senhor alto e forte, porte europeu, germânico talvez, de semblante sério e marcante, diretor de uma renomada multinacional. Este distinto senhor sobe ao palco, pega o microfone, o leva até a altura dos lábios e fica por uns 30 intermináveis segundos num silêncio desconcertante. Rodrigo logo pensa: “Há algo de errado com ele...” Mais alguns segundos, um suspiro seco e ouve-se a respiração do diretor através do microfone. Ele então fecha os olhos e inicia sua fala ainda de olhos fechados como tentando resgatar no distante de sua memória alguma cena, e passa enfim a narrar: “Eu sou filho da dona Maria e do seu Claudecir. Filho numero 3 de 4 irmãos. O número 1 é o Francisco, casado com a Fabiana e pai da Melissa e do Wagner, a número 2 é a Maria Aparecida, a titia solteirona da família, eu o número 3 vocês conhecerão um pouco nesta palestra, e a número 4...” ele dá uma breve pausa. “A número 4 é a nossa princesinha.” Concluiu o diretor, e mais uma nova pausa e dessa vez já se percebia a nítida emoção do diretor. “Nossa princesinha nasceu com deficiência mental e durante seus lindos 12 anos de vida, por causa da depressão de meus pais, eu fui o cuidador, o enfermeiro da nossa princesinha. Se hoje estou aqui falando pra vocês sobre gestão de pessoas, é porque os 12 anos que cuidei dela me ensinaram a amar e a respeitar as pessoas como elas são independentes das suas limitações, fazendo-as enquanto estão ao seu lado, experimentarem o melhor de sua vida e alcançarem o máximo do seu potencial. Hoje a princesinha não está mais entre nós.” Naquele auditório em um silêncio quase palpável podia-se sentir os batimentos cardíacos das pessoas. O silêncio era uma resposta perfeitamente audível àquela apresentação tão marcante.

Isto posto gostaria de finalizar com uma questão: Quantas pessoas tão próximas e tão especiais quanto à “princesinha” deste distinto senhor estão escondidas às sombras de nossos papéis existenciais? Quantos avós renegados, mães e pais esquecidos, irmãos, amigos, professores e esposas, que por trás de um pano espesso de um título, de uma posição social ou de uma imagem profissional são decretados ao anonimato egoísta de nossa vaga e pífia lembrança ao invés de ocupar seu verdadeiro espaço na historicidade de cada um de nós?! Quem são os "príncipes ou princesas" da sua história? Eles sabem disto? Honra a quem merece honra, e tributo a quem merece tributo já dizia o apóstolo Paulo, referindo-se a necessidade de reconhecer as pessoas por seu valor único e inafiançável, que pode parecer difícil de pôr em prática, mas com um simples gesto pode valer muito mais do que se pode imaginar. Para mim, vale a pena tentar.












Forte abraço e uma ótima quarta feira.
 
Por André Topanotti – Criciúma/SC – 23/05/2012



domingo, 20 de maio de 2012

PÃO E COPA

A enquete que promovi em meu blog tinha inicialmente o propósito de incentivar colegas, amigos e leitores deste blog a pensarem a respeito da realização de dois grandiosos eventos que acontecerão aqui no Brasil: A Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio. Como está escrito no objetivo do blog: 'Se eu não conseguir contribuir, pelo menos provocar'. Sei que não resolveremos os problemas de nossas mazelas sociais com enquetes ou textos de efeito. Contudo este pensar mais qualificado quem sabe possa produzir uma centelha de indignação que nos tire da letargia crônica que acomete nossa capacidade crítica, e quem sabe mobilize pelo menos uma dúzia de boas almas em direção a alguma mudança da nossa pobre e medíocre cultura no trato do que é público nesta nação.







Pelo resultado que observei a grande maioria dos leitores que acessaram o blog e que responderam a enquete, acreditam que não estaremos preparados para o evento (28%), além de que nestas obras haverá desvios de verbas publicas (56%). Penso então se realmente estávamos preparados culturalmente para estes eventos. Creio, e possivelmente não devo ser o único a fazer esta pergunta: Quem então decidiu sobre as candidaturas do Brasil para estas competições? Quais foram os critérios para escolha e conclusão sobre a estrutura e condições para a realização? Ou será que os fins irão justificar todos os meios? O problema que percebo é que provavelmente teremos no mínimo dois fins distintos: Os fins das empreiteiras e personagens políticos que realizarão as obras da copa e serão honrados pelos feitos desenvolvidos. E os fins de quem contribuiu e continuará contribuindo para pagar a conta que ficará depois que todas as visitas forem embora. Na verdade pensando um pouco mais sobre a decisão da realização destes jogos, me parece que estamos diante de uma situação onde algo foi decidido por nós. Muito eu ouço de palestrantes e 'motivadores' de equipes que precisamos ter atitude, assumir as rédeas de nossa vida e escrever a própria historia. Mas quantos de nós realmente escreve a própria história?



Essa análise me remete a pensar e conectar o exemplo à questão de decidir a própria história: Quantos pessoas por vezes entram em uma dívida porque vê o vizinho trocar de carro, ou o outro parente que comprou um novo apartamento, e por este motivo esquece as prioridades estabelecidas, mudam planos familiares bem elaborados por conta da pressão da sociedade consumista? Será que foi realmente a pessoa que decidiu por si, ou foi o vizinho, o parente de carro novo que o levou a decidir? Voltando ao tema da enquete: Será que nossos representantes políticos não foram acometidos deste mesmo estereótipo de um país em dito desenvolvimento, que agora pode, a exemplo dos países ricos, realizar os jogos da copa e olimpíadas?  Neste caso em especifico fomos presenteados com dois eventos que empiricamente percebo, não foi amplamente discutido e decidido com a sociedade organizada. Não foram poucos os comentários que recebi no blog e facebook dizendo que estes eventos não eram prioridades para o país.





Se direcionássemos os bilhões de dólares que foram e serão investidos em estádios, e se tivéssemos toda esta mobilização da imprensa, governos e orgaos não governamentais, além da expectativa e "energia" da sociedade  canalisada para uma melhoria efetiva da nossa educação, por exemplo, creio firmemente que depois de 2014, teríamos um outro quadro social em nosso pais. A meu ver, nossa nação parece com a caricatura daquele personagem cotidiano que enriqueceu rápida e financeiramente, mas não evoluiu meio palmo no aspecto moral, resta-nos torcer para que nossos atletas não pensem apenas em seus "contratos" e interesses pessoais e congratulem o povo com o circo que lhe foi prometido, porque com a mesa farta de pão, poucos reclamarão. Para mim, vale a pena pensar nisto... e esperar.
Forte abraço e muito obrigado por participar da enquete.

Por: André Topanotti - 20/05/2012 - Criciúma/SC



sexta-feira, 18 de maio de 2012

Noticias do Concarh 2012

Com um emotivo discurso de abertura, a presidente Luzia Fröhlich deu o pontapé inicial na sequência de palestras que integram o CONCARH 2012, que acontece nos dias 17 e 18 de maio, no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau. A partir da temática “PESSOAS: ÷ = x Simples Assim”, Luzia confessou que sua expectativa é justamente que o eco produzido pelo congresso transforme-se em conhecimento e seja compartilhado entre os colaboradores. Representando a ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) Nacional, o diretor de integração da Região Sul Jefferson Leonardo lembrou da importante conquista que foi a colaboração inédita da ABRH Nacional com a ONU na ação Rio+20 . O diretor sugeriu aos congressistas que todo o aprendizado passado no CONCARH seja levado à vida profissional e pessoal de cada um.


Neo RH: A alma é o segredo

A palestra magna de abertura ministrada pelo escritor César Souza exibiu um novo RH, o Neo RH, em que os profissionais são muito mais que o suporte da organização, o setor é na verdade, o core. Souza aproveitou a oportunidade para destruir conceitos antigos, como “é preciso espremer o fornecedor para aumentar o lucro”, ou “o segredo é a alma no negócio”. Para o profissional, a alma é, de fato, o segredo do negócio. Para o escritor, o RH deve ajudar a empresa a servir o cliente. Souza explica que não adianta planejar estratégias e forçar a adaptação; é preciso ouvir as ideias vindas de todos os colaboradores. Souza diz buscar as inspirações para seus livros e palestras em viagens a lugares exóticos, como Angola e Moscou, onde o diferente sistema pode render boas ideias se adaptadas às corporações. “Pessoas simples são fontes de ótimas inovações. Precisamos aprender a escutar a todos, inclusive o motorista de táxi, a dona da barraquinha na praia, o pescador. Aprendo muito em termos de atendimento ao público, sustentabilidade e outros assuntos com pessoas simples”, diz.


Mudanças reais e formas de implantá-las

Um dos temas discutidos durante a 22ª edição do CONCARH é a necessidade de mudanças para se adaptar a esse novo mundo virtual. Com a palestra “Mudança – um convite real”, Leticia Carneiro da Silva e Erica Cavour discorreram durante cerca de uma hora e meia sobre como fazer para equilibrar a pessoa física e a jurídica diante de um mundo que exige cada vez mais ações em um mesmo dia e que continua tendo apenas 24 horas, desde o tempo das cavernas. Para elas o segredo está em eleger, já no início da semana, quais são as prioridades dos próximos sete dias. Aqui entram tanto os compromissos de trabalho quanto os pessoais, como ir ao médico ou visitar um amigo.

De acordo com elas, nunca dará tempo de fazer tudo que queremos ou que acreditamos ser importante. Porém, temos que tomar decisões sábias para equalizar o tempo de forma harmoniosa. “Estamos na era do conhecimento e tudo acontece de forma imediata, tudo é para ontem. Não fomos programados para captar tanta coisa ao mesmo tempo”, diz Leticia. Esta é uma das mudanças que deve ser feita em nome de uma vida com mais qualidade. Tratar a agenda com mais respeito e controle, dando tempo entre as reuniões.
A outra diz respeito a ter um olhar diferenciado com relação aos problemas. “Em vez de enxergar apenas os problemas, visualizar uma forma de resolver a questão”, diz Erica. Um exemplo é parar de entrar em conflito com a geração Y e tentar ver de que forma é possível uma troca de informações entre as gerações.


Comunicar e se fazer entender

A comunicação e o desenvolvimento caminham unidos no progresso da organização. Diante dessa realidade, o assunto foi enfatizado durante o CONCARH. Com a designação “Comunicação: eu me fiz entender”, a palestra ministrada Karim Khoury realçou a importância da boa comunicação no ambiente e no desempenho de um trabalho. De maneira descontraída, o palestrante realizou dinâmicas com a plateia e fez demonstrações da boa utilização da comunicação no ambiente profissional. Para transmitir a mensagem, Khoury destacou que comunicação não é o que se fala, mas o que se entende. Salientou a importância de três aspectos no ato de comunicar: palavras, gestos e voz. Para esclarecer as dúvidas do público, utilizou como exemplo um simples gesto como um aperto de mão que pode mudar o relacionamento. Também deu dicas de o que pode e o que não pode ser usado no momento de se comunicar. Outro ponto destacado por Khoury foi a cultura da empresa, já que influencia em vários aspectos da própria organização, como na comunicação, na negociação, nos relacionamentos e na tomada de decisões. Na tentativa de causar um efeito de autoavaliação, no decorrer da palestra, o especialista fez questionamentos para os presentes a respeito de sua forma de comunicar e sobre os aspectos que poderiam ser melhorados na empresa. Ao afirmar que cada um é multiplicador de conhecimento, outro ponto destacado foi O cuidado em cada ato, em cada palavra, em cada gesto.


Site original:

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Concarh - 2012

Olá...

Nos dias 17 e 18-05-2012 estaremos em Blumenau participando do CONARH 2012. Semana que vem, notícias e novidades da área de Gestão de Pessoas vão estar disponíveis aqui neste blog também. Vamos na espectativa de que vai valer a pena estes dois dias em Blumenau.

Forte abraço.

André Topanotti


Mais informações acesse: http://www.abrhsc.org.br

Profissionais que atuam na área de gestão de pessoas, empresários, líderes e gestores de empresas participam em Blumenau, nestes dias 17 e 18 de maio, do 22º Congresso Catarinense de Recursos Humanos, o CONCARH 2012. A proposta está centrada na equação “PESSOAS: ÷ = x SIMPLES ASSIM”, com o objetivo de promover a difusão de conhecimento em gestão de pessoas. Cerca de 600 profissionais participam. A escolha de Blumenau para sediar o evento é uma homenagem da ABRH Seccional SC aos 45 anos de atuação de sua mais antiga regional. A construção da grade temática do CONCARH 2012 contou com a participação de representantes de todas as regionais. Segundo a coordenadora do Comitê de Criação, Goreti Maestri (presidente da ABRH-Brusque), a grade é um complemento ao tema central, remetendo ao mundo da gestão de pessoas, em sua essência.

“Refletir sobre a Gestão de Pessoas e questionar sua complexidade ou simplicidade passa por temas relacionados à liderança e pessoas, pelas organizações e pela área de Recursos Humanos. A conclusão do simples ou complexo exigirá um entendimento do congressista, pois ele formará sua resposta a partir da sua realidade”.
Com duas palestras magnas e 15 simultâneas, o CONCARH 2012 permitirá uma reflexão quanto à identificação da fórmula e dos componentes para se obtiver melhores resultados na organização, através da gestão de pessoas. “Gerir pessoas, respeitando suas particularidades e direcionando-as ao engajamento nas estratégias e ações parece complexo. Mas quando conseguimos entender esse universo e promover um alinhamento, a equação ganha significado e se torna ‘simples assim’”, afirma Goreti.

Para dar o recado em cada um dos temas, a ABRH-SC reúne alguns dos melhores palestrantes e especialistas em gestão de pessoas do Brasil. A palestra magna de abertura, por exemplo, traz o consultor César Souza, guru em estratégia empresarial, gestão e liderança, com mais de 20 anos de experiência. Souza aborda o tema “Neogestão de Pessoas e o papel do Neorh”, com uma provocação: mostrar que a empresa pode se tornar uma “Fábrica de Líderes”.

O consultor de empresas Karim Khoury conduz a palestra “Comunicação: eu me fiz entender?”, falando sobre as estratégias que contribuem para melhorar os relacionamentos interpessoais, exercer influência, prevenir e resolver conflitos, promover mudanças e aumentar a motivação. A palestra “Pessoas saudáveis, organizações sustentáveis”, do administrador, professor e consultor Rogério Chér, aborda o prejuízo para as organizações quando as pessoas estão presentes de corpo, mas ausentes de alma. Ele foi fundador e presidente da primeira Empresa Junior do Brasil.
Fonte: Revista Mercado Brasil - Data: 15/05/2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dois que não se dividem

Olá

No exercício prático de procurar ver cada pessoa de uma maneira especial, especifica e única me deparei dia destes olhando para a historia e para o fundamento de algumas palavras, buscando achar o significado de tantas contradições dentro do homem. No artigo 'Faca o que eu digo, faça o que ele faz' que publiquei em 23/04/2012 iniciei esta analise abordando o tema pelo principio da programação neuro-linguística (PNL). Ainda curioso sobre o assunto vasculhei alguns rascunhos antigos, consultei colegas e amigos de estudo, fui ao 'santo Google', livros e enfim, busquei fundamentar algumas percepções. Explico melhor: Estou lendo o livro Cidade Antiga de Fustel de Coulanges, indicação de meu colega da pós graduação em filosofia clínica, Aloysio Tiscoski, quando de repente do meio do texto me salta aos olhos a palavra INDIVIDUO. Sabe aquele momento onde um determinado código aparece meio escondido, mas em um discreto alto relevo para o investigador nos filmes policiais? Foi assim que me senti naquele instante. E o código me apareceu assim: IN-DIVI-DUO. Inquieto eu busquei confirmar a origem e o significado desta palavra. Presumia ser grego ou latim, e o significado acreditava ser “algo que não pode se dividir em dois”. Mas a maneira como soou esta palavra me levou a uma reflexão muito interessante e que precisava ir além do que me parecia óbvio.
No descortinar desta palavra eu vi outro e possível significado, que dependendo do radical linguístico, poderia variar pela posição do sul-fixo ou prefixo, como por exemplo, ocorre no inglês. Vi a seguinte expressão: DUO (dois) IN (que não) DIVI (divide). Dois que não se dividem ou duas naturezas que não se dividem que andam sempre juntas. Apesar de não chegar a confirmação desta expressão, para mim, naquele momento ela me fez todo sentido. Temos duas naturezas dentro de nós e um dos grandes desafios do homem sempre foi lidar com as contradições destas duas naturezas. De um lado o desejo de praticar o bem, de outro o impulso e a facilidade de pender-se para o mal, tudo segundo nossos pré conceitos. Na teoria o discurso maravilhoso da bondade, da paz, da sustentabilidade e responsabilidade social, do ganha x ganha nas relações de negócios. Mas quanto a prática? Quantas coisas ficam só no discurso? Será que esta é uma atitude deliberada de quem discursa? Quantas vezes prometemos a nós mesmos, a pessoa que amamos, ao chefe, que faremos diferente, que agiremos de outra maneira a partir daquele dia, que largaremos o cigarro, que não tomaremos outro “porre”, mas uma dezena de dias depois, nos pegamos novamente falhando onde sabemos que não deveríamos falhar? Será porque a maioria de nós gosta de sofrer? Ou nossa pretensão é ferir e decepcionar nossos queridos? Acho pouco provável, mas é só a minha opinião.
Mas porque “dois que não se dividem”? Qual o propósito de ser assim? Porque temos que conviver com estes dilemas e estas posturas dúbias? Certa vez ouvi uma história contada por Edith, missionária norueguesa onde em um de seus estudos nos contou de que dentro da alma do homem havia dois cães em luta. Na oportunidade ela nos perguntou: Vocês querem saber qual cão vai ganhar? Algumas pessoas rapidamente balançaram a cabeça de forma positiva. Aquele que você alimentar mais, disse a missionária. Depois outras vezes mais ouvi esta ‘parábola contemporânea’, sempre remetendo a luta destes dois cães, onde um precisa ganhar e o outro perder. Mas que seria do homem sem suas limitações? É quando lembro uma passagem em que o apóstolo Paulo em suas orações pede a Deus que ele alivie sua dor, tirando tal “espinho” de sua carne. Nesta expressão alguns estudiosos entendem que Paulo se refere provavelmente a alguma limitação sua, na qual ele mesmo se desaprova e pede para que Deus o ajude, removendo tal angústia ou “pecado”. A resposta é muito intrigante. Deus em contrapartida responde a esta oração da seguinte forma ao apóstolo: “Minha graça te basta. O poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Agora preciso voltar ao exemplo dos dois cães em luta: Penso que se Deus nos desse a resposta feita pela missionária seu conteúdo seria no mínimo reformulado, e talvez fosse algo assim: “Nenhum morrerá. Se você só alimentar um, o outro ainda resistirá para que continue a alimentar o outro cão.” Indo ao início deste artigo: Se pedíssemos para que Deus dividisse o mal e o bem de nossa natureza humana, Ele ‘talvez’ nos diria: Estas duas naturezas não podem ser divididas. Não pelo menos agora. Por enquanto, o homem precisa ser lembrado que todo dia ele pode ser melhor, e quando ele não o for, fatalmente haverá outro dentro de si que o fará ser e se sentir pior. Para mim, vale a pena ser melhor.

Tenha uma ótima semana! Forte abraço.


Por André Topanotti - Criciúma/SC - 14/05/2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Indulgência High Tech

Olá...

Desculpem-me os religiosos de plantão, mas depois que eu recebi esta imagem ao lado no Facebook ontem, e parei alguns minutos para ler o que estava sendo comentado a respeito do tema, não pude ficar indiferente ao assunto. Confessava a meus colegas da pós em filosofia clinica há alguns dias atrás: Se existe um tema que me provoca, que aguça a minha curiosidade e interesse é a espiritualidade do homem em busca de seu Significador maior. Já a religiosidade da sociedade dita moderna desperta o lado ácido da minha crítica, incomoda o descanso das minhas úlceras, provoca o meu senso intolerante e põe uma farpa embaixo da minha unha. Sim, tudo isso! Muitos comentários que li no blog são em minha opinião ofensivos e desrespeitosos e fora de proposito alimentar este tipo de atitude. Mas a minha inquietação é sobre como a maioria de nós olha (ou não) para o outro, e como olhamos para o que projetamos como 'Deus'. Olhando para esta imagem, que para mim é muito 'ofensiva' não pela foto, mas por aquilo que alguém produziu de mensagem adicional nos textos abaixo da foto. A imagem em si, para mim, já teria uma forte e rica mensagem. Mas, como em algumas vezes na história, pessoas acrescentam a sua forma de ver e perceber as coisas, e pior, querem que os demais concordem com a sua mensagem. Quantas vezes matamos o “outro” de que Emmanuel Levinas escreve, tentando impor a nossa interpretação ao outro para que ele a acate como verdadeira. Por exemplo, o que significa este “aceitar Deus” para quem colocou a mensagem no Facebook? Sigo um pouco mais: Quem postou esta imagem na internet pensou o que significa “aceitar Deus” para o outro que iria ver a mensagem?


Outro questionamento mais pretencioso me atrevo a fazer: Tentando me projetar naquilo que Deus estaria esperando do homem, será que ele desejaria ser aceito e amado por coerção, por obrigação? Remeto-me a imagem novamente e penso: Me aceite ou veja o prego cravando a mão na cruz, e a culpa será sua se não repassar a mensagem?!? Cuidado, se você não repassar poderá ir para o inferno? É assim que Deus trataria com o homem? Ou será esta interpretação um eco da intolerância humana disfarçada de vontade de Deus? Lembro que no passado, em nome da dita vontade de Deus foi praticada as maiores atrocidades da história da humanidade, se diante destes fatos podemos ainda nos considerar. Será que estas mensagens que poluem e congestionam as redes de relacionamento na internet não é uma nova forma de praticar as antigas indulgências, agora em formato high tech? Na idade média para ficar tranquilo quanto ao destino de sua alma, o homem comprava o perdão de Deus e tinha a garantia de seu “lote” no céu mediante pagamento desde dinheiro até ao trabalho à igreja. Será que algumas pessoas não se sentem “em dia” com Deus, mostrando a toda sua rede de amigos que é uma pessoa religiosa, espiritual, afinal repassando, está dizendo que aceita a Deus. Mas o que é aceitar Deus?

Para mim, aceitar Deus é antes de qualquer coisa respeitar o outro, a imagem e semelhança do Eterno que se expressa na individualidade e singularidade de cada pessoa. A mensagem de Jesus é clara neste sentido, quando o apóstolo Paulo questiona: “como posso dizer que amo a Deus que não vejo se não amo respeito, tolero, aceito, aquela pessoa que está ao meu lado e que consigo ver?” Na minha opinião, toda busca a Deus deve reverter-se em humildade e serviço ao outro que está ao nosso lado. Para mim, vale a pena pensar nisto.


Por: André Topanotti - Criciúma/SC - 11/05/2012





quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Camelo e a Agulha

Olá...


Interessante como uma mensagem pode ser interpretada de diversas maneiras, quando não sutilmente distorcida pelo foco de quem a deseja conduzir para outro sentido. As religiões, por exemplo, estão repletas de situações que ilustram bem o que pretendo tratar neste texto. Uma amostra é o surgimento constante de denominações religiosas que divergem na maioria dos casos por detalhes doutrinários que para alguns leigos chegam a ser imperceptíveis quando não irrelevantes frente ao desafio de tratar algo tão amplo e complexo como a espiritualidade do homem e sua relação com Deus. Ao visitar Israel no início deste ano uma das minhas curiosidades era conhecer a tal agulha pela qual Jesus declarou que não seria capaz de passar um camelo, e que na referida parábola ilustra a dificuldade do homem rico em alcançar o Reino de Deus por causa do apego as coisas materiais, da fortuna, do dinheiro. Em filosofia clinica este método de abordagem é chamado de vice-conceito, onde se usa um exemplo alternativo como um filme, um 'causo', uma ilustração para explicar determinada mensagem.

Voltando a falar sobre a viagem a Israel pude conhecer a agulha. Trata-se de varias fendas que existem nas muralhas de Jerusalém por onde os soldados atiravam as flechas e derramavam óleo quente sobre os inimigos que tentassem invadir a fortaleza durante as batalhas. Realmente não existe nenhuma possibilidade de um camelo passar pela agulha. Observando a altura onde eram abertas as fendas da agulha, me peguei argumentando comigo mesmo: Qual o propósito de um camelo ser levado àquela altura para passar pela fenda da agulha? A meu ver, o mesmo proposito que Deus teria de deixar alguém de fora de seu Reino: Nenhum! Para mim, creio que esta interpretação de que o dinheiro leva o homem para o inferno e o distancia de Deus, esteve por muito tempo a serviço de interesses ligado ao poder e a manipulação das massas, com o intuito de "conformar" os desamparados em suas necessidades, enaltecendo a pobreza que segundo este pensamento aproxima a criatura de seu criador.

Certa vez ouvi de um respeitado religioso que "texto sem contexto é pretexto para heresia." Para este estudioso interpretar um determinado texto ou versículo bíblico sem analisar todo capitulo e o contexto onde o mesmo encontra-se, pode induzir alguém ao erro pela omissão de informações. Voltando ao texto do camelo e a agulha, após usar esta comparação, relatada no evangelho de Mateus capitulo 19 verso 25 o próprio Jesus faz a seguinte declaração nas linhas do verso 27: “Isto é impossível aos homens, mas a Deus tudo e possível”. Observando então todo o contexto do ensinamento proposto nesta parábola percebo que Cristo chama a atenção para que o homem não apegue-se aos bens materiais, mas logo em seguida reforça a condição de que tudo e possível a Deus e que todos são chamados ao seu Reino e tratados de forma igual perante Deus. É comum que a leitura deste texto encerre-se no verso 25 e na condição em que o rico é mandado para o inferno e para o céu irão os pobres e desafortunados desta terra. Por conta desta visão muitas pessoas veem com preconceito o papel do empresário, do homem bem sucedido na comunidade, e a miséria é cultuada como método sacro de purificar a consciência da sociedade hipócrita, das mazelas causada pelo capitalismo fútil e selvagem que esta mesma sociedade venera. Ora, ate onde consigo entender, Deus não deveria fazer acepção de pessoas! Porque faria entre o rico e pobre? Em outras sociedades a riqueza é vista como sinal de que Deus esta abençoando o homem, e este por sua vez esta usando bem e multiplicando os talentos que Deus lhe conferiu. Lembrando que esta é minha percepção.

Para chegar a este entendimento precisei abrir mão de meus dogmas, sair de onde estava, ir a mundo de Jesus e perceber a realidade de onde Ele estava e seu contexto. Quantas vezes interpretamos conteúdos de algumas mensagens da maneira como nos é conveniente? Quantas vezes colocamos 'no inferno' amigos, conhecidos e pessoas com opiniões diferentes da nossa por conta de pré-conceitos que apenas ouvimos e simplismente repetimos, às vezes por conveniência, para ficar do lado da maioria e sem qualquer tipo de análise? Para mim, creio que a reflexão e a busca pelo entendimento amplo e exaustivo de fundamentos e valores de nossa vida é um dos caminhos para ver o próximo com mais respeito e alargar o entendimento da identidade única e exclusiva de cada homem. Quando declaro que sei 'algo' e delimito o fim das coisas, me afasto daquilo que é eterno e infinito. Quando digo 'não sei, pode ser...' abro minha mente e coração para receber aquilo que muitos creem ser impossível e insondável. Para mim, vale a pena tentar.

Por: André Topanotti - Criciúma/SC - 09/05/2012

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Idade Emocional

Olá...

Selecionei hoje o artigo do Beto Colombo sobre a idade emocional. Achei interessante, pois me remeteu a lembrar de algumas vezes em que ouvi a expressão "...o fulano age como uma criança quando acontece isso..." e o tal fulano a que me refiro é um senhor de quase cinquenta anos. Você já passou por situação assim? Jesus em uma de suas parábolas faz referência semelhante quando diz que para entrarmos no Reino dos Céus, temos que ser como crianças. Aqui Cristo também não nos fala na idade física. Para mim, Ele está falando da idade onde a criatividade está a aflorar, aquela idade emocional onde quase não há tédio e medo de se expor frente aos outros. Talvez porque a criança ainda não tenha ouvido a quantidade de "nãos" suficiente para frear toda a criatividade que a leva "aos céus" da infinita possibiliadade que existe dentro de cada um de nós. Em minha opinião existem situações onde precisamos ser maduros e equilibrados e adultos, e outras em que a criatividade, a leveza e alegria de uma criança pode nos renovar para superar os desafios a que a vida propõe. Para mim, vale a pena tentar.

Forte abraço!


André Topanotti


Beto Colombo: Querido leitor, você provavelmente já ouviu falar, muitas vezes, que o animal que mais demora para amadurecer é o ser humano. É claro que esse amadurecimento envolve todo um processo que abrange o sistema nervoso central, ou seja, as questões neurológicas. Também não podemos deixar de trazer as questões físicas e até as emocionais. E é nessa parte, no amadurecimento emocional do ser humano, que quero me ater hoje.

A primeira pergunta a ser feita é: quantos anos você tem? A resposta não deve considerar idade cronológica nesta existência, que compreende, para alguns, desde o momento da sua geração até os dias de hoje. Essa conta é muito fácil de ser respondida, para chegar ao número basta conhecer um pouquinho de matemática.

Falo da idade emocional. Refiro-me da capacidade de enfrentar os “não” nossos de cada dia, de enfrentar o sentimento de desprezo em determinadas situações e locais, da capacidade de administrar perdas, sejam elas de namorada ou namorado, de emprego, de uma nota baixa na escola, ou até uma negativa do pai de emprestar o carro. Enfim, atenho-me aos momentos em que a vida nos exige habilidades para enfrentar os fatos e, quando imaturos, acabamos por cometer erros e besteiras muitas vezes impossíveis de serem consertadas.

Lembro-me de profissionais com mestrado, doutorado e até PhD, referências em suas áreas, mas quando lhe são exigidos algo mais sobre a vida, acocoram diante do desafio, paralisam diante do inusitado e, como avestruz, escondem suas cabeças debaixo da terra. É como se quebrassem a luz vermelha acesa no painel do carro, denunciando a temperatura alta, ingenuamente querendo resolver a situação.

Aqui, nesses casos, também podemos falar sobre resiliência, que é a capacidade de enfrentar desafios, resolver problemas, enfrentar situações adversas repetidas vezes sem desânimo. Exemplos, em nossa sociedade, temos muitos de pessoas resilientes, mas parece que cada vez mais estamos tendo dificuldades de enumerar pessoas com essa característica, pois cada vez mais engrossam o caldo daqueles que já não suportam mais perder. Um bom número quer ganhar e não tem sequer paciência para isso. Se não tem paciência para criar as melhores condições de crescer, ganhar e ser melhor, que dirá saber esperar.

As organizações, a sociedade, enfim, nossa sociedade está carente de pessoas grandes e maduras. Para mim, não basta só crescer de tamanho, é fundamental nos desenvolvermos por inteiro e o desenvolvimento da idade emocional de acordo com a idade cronológica é fundamental para o ser humano. Parece-me que aprender matemática tem sido mais fácil que aprender a conviver com semelhantes.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre idade emocional?

Artigo veiculado na Rádio Som Maior FM no dia 07/05/2012 e no Jornal A Tribuna no dia 08/05/2012.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

O pai mandado

Olá... 



Eu leciono na universidade e minha mãe no ensino médio então é comum que vez por outra o assunto lá na família acabe nos "causos" de sala de aula. Em meio às diversas histórias e algumas constatações, algo nos fica evidente: A relação aluno e professor mudou muito nos últimos anos. Lembro muito bem dos tempos de guri, de um dia que cheguei em casa reclamando de uma professora e minha mãe, na época ainda uma destas "guerreiras do lar", advertiu-me severamente e disse para obedecer e respeitar a professora. Depois daquele dia, nunca mais tive coragem de reclamar de alguma professora ou professor para meus pais. Tenho em minha lembrança e talvez você também se lembre de algumas “tias” mais disciplinadoras que davam umas palmadas com uma régua de madeira nos bagunceiros, e para os colegas “impossíveis” de se manter em silencio a técnica era o "joelho no milho" no canto da sala. Já no segundo grau ou ginásio como era chamado o ensino médio, o personagem marcante era certo professor de inglês que jogava giz nos dorminhocos e o apagador nos tagarelas. Que dizer então do diretor?! Deus, quando ele aparecia no corredor era como se todos tivessem visto alguma fera felina. Entretanto a grande maioria de nós sobreviveu a todos estas intempéries emocionais de nossos docentes, peculiares na educação dos anos 70, 80 e início de 90. Não que eu concorde com as técnicas, mas reforço que casos como estes existiram, e foram superados. 


Sei também que nesta mesma época muitas crianças eram vítimas de maus tratos, outras tantas forçadas ao trabalho infantil e até exploradas sexualmente, como ainda hoje acompanhamos pela mídia. Percebo que evoluímos neste sentido, graças a algumas ações desenvolvidas por instituições governamentais e ONG´s que tiram da rua muitas crianças e protegem muitas outras em situações de vulnerabilidade social. Considero este um sinal de avanço das relações humanas na nossa dita sociedade organizada, porém alguns efeitos colaterais desta mudança também podem ser percebidos. Sob o consentimento de alguns pais, não é raro certos filhos-alunos ameaçarem seus professores em plena sala de aula na frente dos colegas usando o nome do "Conselho Tutelar".Quando se fala em exigir desempenho escolar a metralhadora destes pais, em alguns casos se volta contra a instituição e seus profissionais. Alguns pais que pretendem "comprar" a educação de seu filho precisam a meu ver ter a consciência que a instituição de ensino transforma o aluno a partir do conhecimento. Educação para mim é papel da família, reforçando o papel do professor, acompanhando as tarefas e trabalhos do seu filho-aluno em casa. Mas que dizer do pai que precisa ser cobrado pela escola para realizar também o seu papel?! Relatos de educadores conhecidos dão conta de que algumas escolas desenvolveram sistemas de controle para que os pais acompanhem o desempenho escolar de seus filhos em casa, algumas motivadas também por conta do histórico de desentendimentos entre estas instituições e seus ditos "pais e alunos-clientes". Talvez enredadas pela visão capitalista na qual está sendo tratada a educação em nosso país, as escolas depois de agremiar muitos "alunos-clientes" passam para situação de refém da própria filosofia mercantil, sendo pressionada pelos contratantes do serviço a "passarem de ano" alunos que não tem condições de serem aprovados, seja por desempenho técnico e muito comum pela indisciplina e mau comportamento. 

Em minha opinião educação não se terceiriza nem cabe à relação cliente x fornecedor para o aluno e professor em sala de aula. A filosofia clínica trata deste tema quando estudamos os papéis existenciais. No papel de cliente o pai ou aluno pode sim ter alguns direitos do ponto de vista negocial com a instituição de ensino, porém não a ponto de comprometer e secularizar o papel fundamental do professor e da escola que é transformar crianças, adolescentes e jovens em cidadãos através do conhecimento. Acompanhar com mais responsabilidade e maturidade o estudo dos filhos, desempenhando um papel maduro e adulto na relação filho/aluno X pai/educador X escola/professor, pode ser em minha opinião, um caminho para não ser o "pai mandado" da história. Para mim, vale a pena tentar.


Por: André Topanotti - Criciúma/SC - 03/05/2012.